A infertilidade masculina, ou fator masculino da infertilidade conjugal, é um problema de saúde que afeta muitos homens em todo o mundo e se refere à incapacidade de um homem em contribuir para a concepção de um filho. Esse problema pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo problemas hormonais, genéticos, anatômicos e ambientais.
Considera-se infértil, um casal que não obtenha gestação após o período de um ano de tentativas. É importante ressaltar que se deve levar em consideração, fatores como a idade da parceira, assim, em determinadas situações podemos iniciar a investigação após um período de tentativas menor que um ano.
O principal exame na investigação é o espermograma.
PRINCIPAIS CAUSAS DE INFERTILIDADE MASCULINA
As principais causas de infertilidade masculina incluem uma variedade de fatores biológicos, ambientais e de estilo de vida. Aqui estão algumas das causas mais comuns:
1. Disfunções hormonais: Desequilíbrios hormonais podem afetar a produção de espermatozoides. Problemas na glândula pituitária ou nos testículos podem levar a baixos níveis de testosterona ou outros hormônios relevantes.
2. Anormalidades genéticas: Algumas condições genéticas podem afetar a produção de espermatozoides. Podem estar relacionadas:
- Anomalias cromossômicas: Alterações no número ou na estrutura dos cromossomos. Exemplos incluem a Síndrome de Klinefelter, que é uma anomalia em que um homem tem um cromossomo X extra (47, XXY). Essa é a anormalidade cromossômica mais comumente encontrada, podendo estar presente em até 10% dos homens com azoospermia.
- Anomalias genéticas, como mutações no gene AZF (Azoospermia Factor) localizado no cromossomo Y, estão associadas a falhas significativas na produção seminal, variando da oligospermia severa à azoospermia.
- Fibrose cística apresenta relação com infertilidade devido à ausência ou anormalidades dos canais deferentes, que são responsáveis pelo transporte de espermatozoides. Estima-se que cerca de 95% dos homens com fibrose cística são afetados por esta condição, o que resulta em oligospermia (diminuição da contagem de espermatozoides) ou azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen).
3. Varicocele: Esta condição, que envolve a dilatação das veias dentro do escroto, pode afetar a produção e a qualidade dos espermatozoides.
4. Infecções: Infecções do trato reprodutivo, e ISTs , podem afetar a qualidade do sêmen e a produção de espermatozoides.Entre elas podemos enumerar:
- Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs):
- ISTs, como clamídia e gonorreia, podem causar inflamação e obstrução nos ductos deferentes e epidídimos, levando a problemas na produção e transporte de espermatozoides.
- A infecção pelo HIV também pode impactar a fertilidade, embora os mecanismos exatos ainda sejam objeto de investigação.
- ISTs, como clamídia e gonorreia, podem causar inflamação e obstrução nos ductos deferentes e epidídimos, levando a problemas na produção e transporte de espermatozoides.
- Orquite e Epididimite:
- Essas condições podem resultar de infecções virais (como o vírus da caxumba) ou bacterianas e podem levar à dor, inchaço e dano aos testículos, prejudicando a produção e transporte de espermatozoides.
- Essas condições podem resultar de infecções virais (como o vírus da caxumba) ou bacterianas e podem levar à dor, inchaço e dano aos testículos, prejudicando a produção e transporte de espermatozoides.
- Infecções do Trato Reprodutivo:
- A prostatite (inflamação da próstata, muitas vezes causada por infecções) pode afetar a qualidade do sêmen, resultando em níveis reduzidos de espermatozoides ou em alterações na motilidade.
5. Fatores ambientais: Exposição a toxinas, produtos químicos, e até mesmo calor excessivo podem impactar a produção de espermatozoides. Alguns exemplos são:
- Exposição a Produtos Químicos Tóxicos:
- Substâncias como pesticidas, solventes industriais e metais pesados (como chumbo e mercúrio) têm sido associados à diminuição da qualidade do sêmen.
- Substâncias como pesticidas, solventes industriais e metais pesados (como chumbo e mercúrio) têm sido associados à diminuição da qualidade do sêmen.
- Radiação e Campos Eletromagnéticos:
- Estudos sugerem que a exposição a radiações ionizantes e não ionizantes pode afetar negativamente a motilidade e a viabilidade dos espermatozoides.
- Estudos sugerem que a exposição a radiações ionizantes e não ionizantes pode afetar negativamente a motilidade e a viabilidade dos espermatozoides.
- Poluição do Ar:
- A exposição à poluição do ar, incluindo partículas finas e gás ozônio, tem mostrado uma associação com a qualidade espermática.
6. Estilo de Vida e Hábitos:
- Peso: o sobrepeso e obesidade estão associados a piora da qualidade seminal, afetando a saúde reprodutiva masculina através de diferentes mecanismos.
- Dieta: A dieta rica em gorduras saturadas, carboidratos e produtos processados é danosa à produção espermática Já a dieta pobre em gorduras, rica em frutas e fibras trás efeito positivo para a fertilidade.
- Tabagismo: o consumo do cigarro está relacionado com a redução da contagem, da motilidade e da morfologia espermática. Além disso, pode elevar os índices de fragmentação do DNA espermático.
- Etilismo e drogas recreativas: o consumo excessivo de álcool, uso de Cannabis e cocaína estão relacionados com redução do potencial reprodutivo masculino de diferentes formas. Primeiramente influenciando negativamente a função sexual, reduzindo a produção de testosterona e por fim, influenciando na produção espermática.
Referências:
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